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Literatura


Recanto das Letras http://groups.google.com/group/literatura-noir--beat http://jeuxderniers.blogspot.com/2008/01/participe-do-grupo-literatura-noir-beat.html
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Poetas, bêbados, vadios e umas putas entre outros intelectuais

Meu primeiro monólogo como ator e dramaturgo, foi na praia do Laranjal, sempre tive muito gosto pelas coisas relacionadas à representação teatral, às vezes ia ao teatro e ficava de canto saboreando cada parte do que estava em cena.
Bem perto da cidade, fica a praia do Laranjal, na verdade é um bairro de Pelotas, praia de lagoa, com muitas árvores, um local muito tranqüilo e bonito.

Reunimos alguns poetas, bêbados, vadios e umas putas e intelectuais de maneira geral, toda a sorte de malucos boêmios. Todo um mundo reunido à volta de uma bela fogueira, tomando muito vinho e falando qualquer besteira com a pompa de ser um sarau ao ar livre, tinha até quem solenemente entornasse o vinho no próprio gargalo do garrafão.

Tinha um maluco tocando violão que se achava a reencarnação do Raul Seixas, uma loirinha que queria ser a Salomé de Nietzsche, um sujeitinho baixinho metido a Baudelaire começou a recitar suas “Fleurs du mal”. Mas estávamos lá bebendo e bebendo, passando a conversa nas garotas, sendo os mais eloqüentes possíveis,vetando uns aos outros num Liberum vetu ao estilo imperial polonês, e olha que o vinho é um ótimo aliado nestas horas.

Pensei numa peça que poderia representar a aqueles amigos “libres penseurs”, com apenas um autor, um personagem e um estomago, um tema clássico, a respeito do suicídio do individuo.
Depois da minha performance um colega que estava ao lado começou a indagar que não era suicídio mas assassinato, ficamos naquele dilema até terminar o ultimo garrafão.

A historia é a seguinte, imagine todo mundo bêbado e eu com uma tremenda vontade de mijar, foi difícil até conseguir levantar, sair daquela cadeira de praia em que estava sentado, prostrado como um dinossauro de mil toneladas, mal conseguindo gesticular com as mãos, pedi a atenção de todos para a minha encenação - já que todo mundo tava encenando - resolvi encenar também.

Não esperava que me dessem atenção, mas ficou um silêncio de velório por alguns segundos, então respirei fundo, olhei as estrelas e fui tirando o meu pau pra fora, começaram algumas vaias e umas risadas nervosas dos mais puritanos - o silêncio voltou.

Como se estivesse no grande banheiro do mundo universal, tendo como teto as estrelas e o piso a areia da praia branca e fria, os únicos sons viam do vento e o barulho das brasas, comecei a urinar, uma mijada sonora e relaxante, era só eu e o universo.

Sacudi o pequeno animal selvagem, o coitado desbravador de tantas cavernas e locais insertos da natureza feminina, solenemente comecei a massageá-lo. O que fez que um e outro expectador se retirasse do local,mas o calor da fogueira, a solidão sonhada, este estado torpe de sentidos naturais era como se o calor da vagina de uma jovem me fosse ofertado, tamanho transe me encontrava ali aos olhos dos deuses, gozei, e minha porra num mergulho descomunal viajou até o centro da fogueira e se perdeu poeticamente no vazio .

O nome do meu monólogo “o suicídio coletivo de espermas” - como se fosse uma seita fanática de adoradores do fogo e do amor verdadeiro, ou que tinham inventado um deus fênix, eles haviam se jogados todos ao fogo. Levei uns trinta minutos tentando explicar alguma coisa, mas como ninguém entendeu continuamos bebendo. E nossas preocupações se voltaram para assuntos, realmente importante, como o do vinho que estava acabando e o bar mais perto que estava a uma eternidade de distancia. As mulheres que estavam menstruadas naquela noite e o preço da gasolina. Alguém chegou a cogitar uma conversa sobre política, mas puxou um baseado, e se aquietou em um canto.

Quando acordei só, estava na praia e um garrafão de vinho vazio em minha mão. Passei a mão em meus óculos escuros e continuei dormindo.